O espetáculo Olho por Olho, escrito por Rohan Baruck e dirigido por Rogério Fanju, não é apenas uma peça de teatro. Ele é um convite à reflexão sobre os limites entre justiça e vingança, explorando a essência da condição humana. Inspirado em tragédias gregas e em dilemas universais, o monólogo traz à tona questões que continuam atuais em nossa sociedade.
A narrativa parte de um pai que perde o filho em meio a uma guerra e se vê diante do assassino. O que poderia ser apenas uma história de vingança se transforma em um mergulho profundo sobre compaixão, violência e a fragilidade das instituições. Assim, Olho por Olho ultrapassa o palco e se conecta diretamente com o público.
Além de sua força dramática, a peça também se destaca por circular em cidades da Baixada Fluminense, democratizando o acesso à arte e levando discussões relevantes para territórios periféricos. Essa escolha reforça o compromisso social da obra e amplia seu alcance cultural.
Olho por Olho: entre a justiça e a vingança
A expressão “olho por olho” remete a uma das leis mais antigas da humanidade: a Lei de Talião. Ela defendia a ideia de que a punição deveria ser proporcional ao crime cometido. No entanto, quando aplicada de forma literal, essa lógica pode perpetuar ciclos de violência sem fim.
Na peça, esse dilema é colocado em cena de maneira visceral. O pai, tomado pela dor, deseja justiça, mas se depara com a difícil escolha entre punir ou compreender. O público é levado a refletir: até que ponto a busca por justiça não se confunde com o desejo de vingança?
Esse questionamento é essencial em uma sociedade marcada por discursos de ódio e pela banalização da violência. Olho por Olho mostra que, muitas vezes, o desejo de revidar pode ser tão destrutivo quanto o próprio crime.
O épico contemporâneo: tragédia grega e realidade urbana
O espetáculo se inspira nas tragédias gregas, em que heróis enfrentavam dilemas morais e destinos inevitáveis. No entanto, Olho por Olho atualiza essa tradição ao dialogar com as violências urbanas e crises ambientais do século XXI.
A guerra entre aldeias, apresentada na narrativa, funciona como metáfora para os conflitos sociais que vivemos hoje. Cidades em ruínas, laços rompidos e feridas abertas são símbolos de uma realidade que ainda persiste. Assim, a peça conecta passado e presente, mostrando que os dilemas humanos permanecem universais.
Esse caráter épico é reforçado pela atuação intensa do monólogo, em que um único ator se transforma em diferentes personagens. Essa multiplicidade dá ritmo à narrativa e aproxima o público da experiência emocional do protagonista.
Olho por Olho e a reflexão sobre a maldade cultural
Um dos pontos mais marcantes da obra é a forma como ela aborda a maldade como traço cultural. A violência não é apresentada apenas como ato individual, mas como resultado de estruturas sociais que moldam comportamentos.
Ao colocar o espectador diante de um pai em luto, a peça questiona: a maldade é fruto da natureza humana ou consequência de contextos sociais e históricos? Essa reflexão amplia o debate e convida o público a olhar para além do indivíduo, enxergando as raízes coletivas da violência.
Dessa forma, o espetáculo não se limita a contar uma história. Ele provoca o público a encarar o espelho da sociedade, revelando as contradições e fragilidades que todos compartilhamos.
A circulação cultural na Baixada Fluminense
Outro aspecto relevante do espetáculo é sua circulação em cidades da Baixada Fluminense, como Mesquita, Duque de Caxias, São João de Meriti e Japeri. Essa escolha não é apenas logística, mas política e cultural.
Levar o espetáculo para territórios periféricos significa democratizar o acesso à arte e valorizar públicos que muitas vezes são excluídos do circuito cultural tradicional. O teatro, nesse contexto, se torna ferramenta de transformação social.
Além disso, a circulação fortalece a identidade cultural da região, mostrando que a Baixada Fluminense é também espaço de produção e consumo artístico de qualidade. Isso contribui para quebrar estigmas e ampliar horizontes.
O simbolismo do título Olho por Olho
O título da peça não foi escolhido por acaso. “Olho por Olho” carrega um peso histórico e simbólico que atravessa culturas e épocas. Ele remete à ideia de justiça retributiva, mas também abre espaço para questionamentos sobre compaixão e perdão.
Na narrativa, o título ganha ainda mais força quando o pai descobre que o assassino de seu filho é uma criança. Nesse momento, a lógica da vingança perde sentido, e o dilema moral se intensifica. O público é convidado a refletir sobre o verdadeiro significado da justiça.
Assim, o título funciona como síntese da obra: simples, direto e profundamente provocador. Ele resume o conflito central e desperta curiosidade antes mesmo de a peça começar.
O papel do espectador em Olho por Olho
Um dos diferenciais do espetáculo é a forma como ele envolve o público. Mais do que assistir, o espectador é convidado a participar da reflexão. Cada pessoa é levada a se perguntar: o que eu faria nessa situação?
Esse diálogo direto transforma a experiência teatral em algo pessoal e íntimo. O palco se torna um espelho, e a plateia, parte da narrativa. Essa interação é fundamental para que a mensagem da peça ultrapasse os limites da ficção.
Ao final, não há respostas prontas. O que existe é um convite à reflexão coletiva sobre justiça, vingança e humanidade.
O legado artístico e social de Olho por Olho
O espetáculo já acumula prêmios e participações em festivais nacionais, consolidando-se como uma obra de relevância no cenário teatral brasileiro. No entanto, seu impacto vai além do reconhecimento artístico.
A peça contribui para o debate público sobre violência, justiça e compaixão, temas urgentes em nossa sociedade. Ao levar essas discussões para diferentes públicos, ela cumpre um papel social fundamental.
Assim, o legado de Olho por Olho não está apenas nos palcos, mas também nas reflexões que desperta e nas transformações que pode gerar em cada espectador.
FAQs sobre o espetáculo Olho por Olho
1. O que significa o título Olho por Olho?
O título remete à Lei de Talião, que defendia punições proporcionais ao crime. Na peça, ele simboliza o dilema entre justiça e vingança.
2. Qual é a principal mensagem do espetáculo?
A peça questiona até que ponto o desejo de justiça pode se confundir com o de vingança, convidando o público a refletir sobre compaixão e humanidade.
3. Onde o espetáculo Olho por Olho já foi apresentado?
A montagem circulou por cidades da Baixada Fluminense, como Mesquita, Duque de Caxias, São João de Meriti e Japeri, além de festivais nacionais.
4. Quem são os responsáveis pela obra?
O texto é de Rohan Baruck, com direção de Rogério Fanju. Juntos, eles criaram um monólogo intenso e provocador.
5. O espetáculo é indicado para todos os públicos?
Embora trate de temas universais, a peça aborda violência e dilemas morais complexos, sendo mais indicada para jovens e adultos.
6. Qual é o diferencial de Olho por Olho em relação a outras peças?
Seu diferencial está na combinação de tragédia épica, reflexão social e diálogo direto com o público, tornando a experiência única.
SERVIÇO
ESPETÁCULO OLHO POR OLHO
26/10 – 19h – DOMINGO – Teatro de Bolso Cássia Valéria | MESQUITA
Rua Elpídio, 540 – Centro – Mesquita
02/11 – 15h – DOMINGO – Goméia Galpão Criativo | DUQUE DE CAXIAS
R. Dr. Lauro Neiva, 32 – Jardim Vinte e Cinco de Agosto, Duque de Caxias
04/11 – 19h – TERÇA – Instituto Cultural Cerne (Antiga AMAR) | SÃO JOÃO DE MERITI
Travessa Nogueira, 17 – Centro – São João de Meriti
06/11 – 19h – QUINTA – Espaço Cultural Código | JAPERI
R. Davi, 397 – Nova Belém, Japeri
16/11 – 19h – DOMINGO – Centro de Artes e Esportes Unificados (CEU) | MARICÁ
Rod. Amaral Peixoto – Itapeba – Maricá
Andre Borges, historiador e pesquisador sobre o Rio de Janeiro. Eu sempre gostei da história do Rio de Janeiro, queria contribuir para a cidade, mas não sabia como, queria uma maneira lúdica de contar a história desta cidade e informar, aí veio a ideia do Blog Giro 0800.





