O samba é mais do que um gênero musical: é um patrimônio cultural brasileiro. Entre os grupos que mantêm essa chama acesa, os Velhos Malandros se destacam por unir tradição e modernidade. Liderados por Alexandre Nadai, eles representam uma nova vanguarda do samba, com arranjos inovadores e um profundo respeito pelas raízes do gênero.
Neste artigo, vamos explorar quem são os Velhos Malandros, sua importância cultural, a origem do termo “malandro” e como essa expressão atravessa a música, a literatura e até a espiritualidade. Tudo isso com uma linguagem simples, mas rica em informações, para que você conheça e se encante por essa história.
Quem são os Velhos Malandros
Os Velhos Malandros são um grupo musical carioca que promove o samba de forma autêntica e criativa. Mais do que músicos, eles são guardiões de uma tradição que se renova a cada apresentação. Cada integrante traz sua própria bagagem artística, resultando em uma sonoridade única que mistura o clássico e o contemporâneo.
Sob a liderança de Alexandre Nadai, o grupo realiza rodas de samba mensais que vão muito além da música. Esses encontros incluem saraus literários e uma biblioteca itinerante, aproximando o público da cultura de forma ampla e democrática. É um verdadeiro ponto de encontro para quem ama samba, poesia e história.
O trabalho dos Velhos Malandros não se limita ao palco. Eles também atuam como difusores culturais, levando o samba para diferentes espaços e públicos. Essa atuação reforça o papel do grupo como referência para a nova geração de sambistas e amantes da música brasileira.
A origem do termo “Velhos Malandros”
A expressão “velhos malandros” carrega múltiplos significados. No contexto do grupo, ela remete à figura do malandro carioca, personagem icônico da cultura brasileira que surgiu no período pós-abolição. Esse personagem simboliza a resistência à exploração do trabalho e a busca por liberdade, muitas vezes com astúcia e irreverência.
Historicamente, o malandro era visto como alguém que driblava as regras impostas pela sociedade, usando inteligência e charme para sobreviver. Essa imagem foi eternizada em músicas, filmes e na literatura, tornando-se parte do imaginário popular.
Ao adotar esse nome, o grupo Velhos Malandros presta homenagem a essa figura cultural, mas também a reinventa. Eles unem a malandragem clássica à criatividade contemporânea, criando uma identidade que dialoga com o passado e o presente.
Velhos Malandros e a vanguarda do samba
O samba sempre foi um gênero em constante transformação. Desde suas origens nos morros e quintais do Rio de Janeiro, ele incorporou influências diversas, sem perder sua essência. Os Velhos Malandros seguem essa tradição de inovação, trazendo arranjos ousados e letras que conversam com o mundo atual.
Essa postura vanguardista não significa abandonar o passado. Pelo contrário: o grupo mantém viva a memória de grandes mestres do samba, reinterpretando suas obras e apresentando-as a novas gerações. É um trabalho de preservação e renovação ao mesmo tempo.
O resultado é um som que agrada tanto aos puristas quanto aos que buscam novidades. Essa capacidade de transitar entre diferentes públicos é um dos maiores trunfos dos Velhos Malandros e explica seu crescente reconhecimento no cenário musical.
O papel cultural dos Velhos Malandros no Rio de Janeiro
O Rio de Janeiro é o berço do samba, e os Velhos Malandros contribuem para manter essa tradição pulsante. Suas rodas de samba mensais são verdadeiros eventos culturais, reunindo músicos, poetas, escritores e o público em geral.
Além da música, o grupo promove saraus literários, incentivando a leitura e a produção artística. A biblioteca itinerante é outro destaque, levando livros para comunidades e espaços públicos, democratizando o acesso à cultura.
Essa atuação multifacetada transforma os Velhos Malandros em agentes culturais. Eles não apenas tocam samba, mas também fortalecem laços comunitários e estimulam a valorização da cultura brasileira em suas diversas formas.
A figura do malandro na cultura brasileira
O malandro é um personagem que transcende o samba. Ele aparece em obras literárias, no teatro, no cinema e até na moda. Sua imagem, marcada pelo chapéu panamá, o terno branco e o jeito descontraído, tornou-se um símbolo de identidade cultural.
Na música, o malandro é retratado como alguém que vive à margem das regras, mas com um código próprio de conduta. Ele representa a liberdade, a esperteza e a resistência contra sistemas opressores.
Os Velhos Malandros incorporam essa essência, mas a adaptam aos tempos atuais. Em vez de viver à margem, eles usam a malandragem como metáfora para criatividade, improviso e autenticidade na arte.
A malandragem na espiritualidade e na Umbanda
Além do aspecto cultural, a malandragem também está presente na espiritualidade brasileira, especialmente na Umbanda. Nessa religião, existem entidades conhecidas como “malandros” que trabalham para ajudar pessoas, oferecendo conselhos e soluções para problemas do dia a dia.
Essas entidades são vistas como espíritos que viveram na Terra com a astúcia e a liberdade características do malandro. Na Umbanda, eles simbolizam a superação de dificuldades e a busca por caminhos alternativos para alcançar objetivos.
Ao escolher o nome Velhos Malandros, o grupo também dialoga com essa dimensão espiritual, reforçando a ideia de que a malandragem pode ser uma força positiva, ligada à sabedoria e à solidariedade.
Velhos Malandros e a nova geração do samba
O samba vive um momento de renovação, com novos artistas surgindo e conquistando espaço. Os Velhos Malandros desempenham um papel importante nesse cenário, servindo de ponte entre os mestres do passado e os talentos emergentes.
Eles participam de eventos, festivais e colaborações com outros músicos, ampliando o alcance do samba e mostrando que o gênero continua vivo e relevante. Essa interação entre gerações fortalece a cena musical e garante a continuidade da tradição.
Para os jovens sambistas, os Velhos Malandros são uma inspiração. Sua trajetória mostra que é possível inovar sem perder a essência, e que a cultura se fortalece quando é compartilhada e reinventada.
A importância de manter viva a malandragem do bem
Os Velhos Malandros são mais do que um grupo musical: são um movimento cultural. Eles provam que tradição e inovação podem caminhar juntas, e que a malandragem, quando usada para criar e unir, é uma força transformadora.
Ao promover o samba, a literatura e o acesso à cultura, eles contribuem para um Brasil mais consciente de suas raízes e mais aberto ao diálogo entre passado e futuro.
Seja nas rodas de samba, nos saraus ou na espiritualidade, a mensagem é clara: a malandragem do bem é aquela que inspira, conecta e transforma. E os Velhos Malandros são mestres nessa arte.
SERVIÇO
Velhos Malandros
Data: 21/09/2025
Local: MUHCAB
Endereço: Rua Pedro Ernesto, 80
Gamboa – Rio de Janeiro – RJ
Horário: 14 horas

Andre Borges, historiador e pesquisador sobre o Rio de Janeiro. Eu sempre gostei da história do Rio de Janeiro, queria contribuir para a cidade, mas não sabia como, queria uma maneira lúdica de contar a história desta cidade e informar, aí veio a ideia do Blog Giro 0800.